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Texto I
O noticiário da TV Brasil do dia 14 de janeiro colocou no ar matéria que estimula algumas reflexões interessantes sobre o que é o trânsito em nossas cidades, e qual é o nosso comportamento dentro dele.
O fato principal tratado na matéria é a condenação da administração do estacionamento do aeroporto internacional de Brasília num processo movido por um usuário que ficou horas sem conseguir retirar seu carro da vaga. Isso porque o veículo foi fechado por outro, estacionado em fila dupla, sem que a administração tivesse tomado qualquer providência, fosse para evitar o cometimento da infração, fosse para desobstruir o caminho dos demais clientes. Sem dúvida, um completo absurdo, corretamente punido pelo poder judiciário. Mas outras questões merecem nossa atenção.
Um ponto, levantado logo na abertura da reportagem, diz respeito à dificuldade que motoristas enfrentam para encontrar vagas de estacionamento. São mostradas ali áreas críticas de Brasília, mas podiam aparecer muitas outras de nossas cidades. O déficit de vagas assume contornos ainda mais dramáticos se considerarmos o potencial de crescimento da frota de veículos. Com efeito, comparando os índices de motorização no Brasil (o Distrito Federal tem cerca de 50 veículos para cada 100 habitantes, uma das taxas mais altas do pais) com os de cidades europeias e norte-americanas (Los Angeles tem mais de 75), dir-se-ia que ainda há uma margem considerável de crescimento da frota.
O que precisa ser debatido é se o problema é mesmo a falta de vagas ou excesso de dependência do uso de carros. Já tive oportunidade de comentar aqui que Curitiba, uma das cidades com maior taxa de motorização do Brasil, é muito mais conhecida pelos méritos de seu sistema de transporte público do que pelos níveis de saturação de seu sistema viário.
Mas não resta dúvida de que o fato mais bizarro trazido pela matéria é mesmo a atitude do motorista que estacionou seu carro irregularmente, bloqueando outros. De acordo com o que apurou a repórter Thais Antonio, a vitima que acionou a justiça teve que esperar quatro horas para sair do estacionamento. E não saiu porque o infrator chegou — saiu porque os carros vizinhos foram retirados e ele conseguiu manobrar o seu e contornar o bloqueio.
Não há nada, rigorosamente nada, que justifique tal abuso. O raciocínio de que certas pessoas podem fazer de tudo para estacionar, mesmo em detrimento do direito de outras, não tem explicação fora do conceito de barbárie. Infelizmente, parece que essa barbárie vem tendendo a crescer entre aqueles que se sentem superiores só porque tiveram condições de comprar uma tonelada de aço.
(Paulo Cesar Marques da Silva, IN: http:/fnoblat.oglobo.globo.com/artigos/ noticia/2015/01/barbarie-nossa-de-cada-dia.html, acesso dia 04/02/2015).
No fragmento “isso porque o veículo foi fechado por outro, estacionado em fila dupla, sem que a administração tivesse tomado qualquer providência (...)”, o termo em destaque tem como referente textual:
Explicação (Assistente Virtual)
Primeiro você deve responder a questão para ver a explicação.