Leia o texto abaixo para responder à questão.
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O escritor britânico George Orwell relutou em entregar, no dia 4 de dezembro de 1948, os originais de “1984” para os editores, em Londres. Afinal, não estava lá muito satisfeito com o resultado. Em carta, falou mal do livro para amigos: “Uma boa ideia arruinada”, reclamou para um. “Ficou um pandemônio e tanto”, admitiu para outro. “Não teria ficado tão soturno se eu não estivesse doente”, explicou para alguém. Para Fredric Warburg, um dos sócios da editora que publicaria a obra, Orwell avisou: “Não apostaria numa vendagem alta”. Se “A Revolução dos Bichos” (1945), seu livro anterior, faturou, até a data de sua morte, 12 mil libras, “1984” (1949), romance distópico que o próprio autor descreveu como “abominável” e “horroroso”, deveria faturar 500 libras. Orwell teria escrito seu derradeiro livro desenganado. Àquela altura, não estava preocupado com o sucesso da obra, mas com a mensagem que buscava transmitir, tese sustentada pelo advogado e escritor José Roberto de Castro Neves, autor do prefácio de 1984.
O tempo provou que George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, estava enganado a respeito de seu último livro. Em menos de um ano, 50 mil cópias foram vendidas na Grã-Bretanha e outras 170 mil nos EUA. Setenta e quatro anos depois de seu lançamento, no dia 8 de junho de 1949, continua frequentando a lista dos mais vendidos. Estima-se que tenha sido traduzido para 65 idiomas e vendido mais de 100 milhões de exemplares. Em janeiro de 2017, suas vendas registraram um pico de 9.500% nos EUA. O motivo? O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, declarou que a cerimônia de posse do presidente Donald Trump atraiu o maior público da história. Questionada sobre a falsidade da informação, a então assessora especial, Kellyanne Conway, não desmentiu o colega e, ainda, criou a expressão “fatos alternativos”. Na obra-prima de Orwell, duplipensar é aceitar duas crenças simultaneamente contraditórias. Ou, como diria o autor, “contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas”.
Quanto ao porquê de Orwell ter escolhido o título de “1984”, não há consenso. A hipótese mais aceita é a de que se trata de uma inversão satírica de 1948, o ano em que o livro foi concluído. “É sempre importante ler e reler “1984”. Ainda hoje, é o romance que melhor descreve as engrenagens do poder. Avisa o leitor para ficar atento a abusos e manipulações, e mostra até onde isso pode nos levar”, alerta o jornalista e escritor Dorian Lynskey, de “O Ministério da Verdade – Uma Biografia de 1984”, o Romance de George Orwell. Winston Smith, personagem central da obra, termina a história como herói, mas começa como cúmplice dos crimes praticados pelo Big Brother. Orwell não estava escrevendo sobre mocinhos e bandidos. Estava dizendo que todos nós temos potencial para sermos corrompidos, contudo, podemos escolher entre nos entregar ao poder e à ideologia ou resistir a eles.
“Não creio que o tipo de sociedade que descrevi vá necessariamente ocorrer”, declarou Orwell, em 1949, “mas estou convencido de que algo parecido poderia acontecer”. E fez um importante alerta: “O totalitarismo, caso não seja combatido, pode triunfar por toda a parte”. Os livros de Orwell continuam populares porque ele considerava os regimes autoritários, de esquerda ou de direita, como um perigo em potencial”, afirma o professor universitário Richard Bradford, autor de Orwell – Um Homem do Nosso Tempo. Em “A Revolução dos Bichos” e “1984”, dois de seus livros mais famosos, mostrou que tais regimes não teriam que ser necessariamente impostos à população. Se os cidadãos fossem manipulados com ‘duplipensamentos’, ou o que hoje é mais conhecido como ‘fake news’, eles apoiariam qualquer coisa. E Orwell estava certo.
(Jornal BBC News Brasil. 25.06.2023. Adaptado).
Analise a frase abaixo para responder à questão 9.
O escritor britânico George Orwell relutou em entregar, no dia 4 de dezembro de 1948, os originais de “1984” para os editores, em Londres.
Assinale a alternativa cuja locução verbal transpõe a frase acima da voz ativa para a voz passiva.
Explicação (Assistente Virtual)
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